Tour de 3 dias pelo Salar de Uyuni - Primeiro dia.


Dia 1

Às 10:30 da manhã o carro da empresa (a nossa escolha foi a "Cordilheira Traveller" uma das mais conceituadas para fazer o tour) nos pegou no hostel para o início da mais incrível jornada da minha vida. O carro leva 6 pessoas, eramos 4 amigas e um casal de alemães que fizeram a travessia conosco.

A primeira parada foi ali perto, apenas uns 15 minutinhos de carro no Cemitério de Trenes. No meio da paisagem árida estão várias carcaças de trens usados do final do século XIX até a grande depressão de 1930. Os trens transportavam minerais extraídos da região até o porto de Antofagasta, agora território chileno. Com o colapso do mercado mundial e a perda de uma saída para o mar, a ferrovia boliviana deu seu último suspiro e morreu ali, em meio ao Salar. Uma parada de apenas uns 20 minutos para tirar belas fotos naquele cenário de filme.

Cemitérios de Trenes

Cemitério de Trenes

Cemitério de Trenes

Cemitério de Trenes, Salar de Uyuni

Cemitério de Trenes


Dali seguimos para uma paradinha rápida no "Vilarejo Colchani", para conhecer mais de perto a transformação dos cristais do salar em sal e também para quem quiser ver artesanato. É uma paradinha bem pega turista, mas para quem vai conhecer apenas o uyuni é uma boa oportunidade para comprar lembrancinhas e artesanato local.

Vilarejo de Colchani

Artesanía S2

O sal produzido pelos próprios moradores do vilarejo.

A ansiedade para chegar no esperado deserto Sal era enorme, o auge do tour, um dos lugares mais fantásticos do planeta. Seguindo do vilarejo de Colchani já é possível avistar ao longe a imensidão branca, a primeira impressão que se tem é de que tudo aquilo é neve. Um tapetão branco de 11km quadrados, que deixa qualquer turista boquiaberto. Já no deserto de sal paramos para almoçar no "museu de sal", que no passado os turistas podiam até se hospedar, mas que hoje serve apenas para que os carros do tour preparem o almoço, e ali mesmo, nós turistas almoçamos. Perto do antigo hotel de sal está o grande monumento em homenagem ao Rally Dakar, que desde 2014, inclui o deserto em suas provas.

Estátua do Rally Dakar


Estátua do Rally Dakar

Salar de Uyuni

Salar de Uyuni

Salar de Uyuni

Almoço preparado pelo Ruben, nosso guia, no Museu de Sal.

Depois do simples, mas delicioso almoço, seguimos para a próxima parada bem no meio do Deserto de Sal, e quanto mais andávamos, mais branquinho ele ia ficando. Num trecho mais isolado daquela imensidão o nosso motorista Ruben, parou mais uma vez o carro para tirarmos as fotos mais legais, divertidas e criativas da viagem.

Salar de uyuni

Salar de Uyuni

Salar de Uyuni

Salar de Uyuni

Nosso transporte durante os três dias de deserto.

Dando aquela conferida para ver se é mesmo de sal. hehehe


Próxima parada a "Isla Incahuasi", uma ilha de 24 hectares em meio ao manto branco. Incahuasi possui um ecossistema interessante, com uma floresta de cactos milenares, roedores e pássaros. Dá para fazer uma curta trilha pela isla, que é repleta de fósseis marinhos e corais, da época em que o Salar ainda era uma lagoa. A entrada na ilha custa 30 bolivianos e normalmente não está inclusa no pacote do tour. Uma paisagem diferente bem no meio do deserto, com uma vista incrível para a imensidão branca, que contrasta com o céu mais azul de todos.

Isla Incahuasi

Isla Incahuasi

cactos gigantes - Isla Incahuasi

Casa do primeiro morador da ilha.

Depois dessa visita mágica à Isla Incahuasi, já era final do dia, e a primeira noite no deserto foi no Hostel(literalmente) de Sal. As paredes e o chão do hostel são de sal mesmo, nem tem como ficar sem sapatos, pois o pé ficará branquinho, branquinho. Há vários tipos de quartos no hostel, inclusive quartos compartilhados, você tem que estar disposto a dividir quartos com utras pessoas. A energia é Solar, e a única tomada para carregar os eletrônicos fica no quarto do pessoal que trabalha ou são donos do hostel. Antes de chegar o motorista pergunta se não queremos comprar algumas bebidas, pois a noite é longa. Sem calefação, sem energia, num frio intenso, nada de conforto, é realmente um desafio, mas é incrível passar por ele. É preciso coragem até pra tomar banho (rsrs), e é melhor aproveitar a água quente, pois nem sempre ela estará disponível em outro hostel no meio do caminho.
O jantar assim como o almoço é preparado pelo nosso motorista, com uma sopa para esquentar, como entrada e depois um "pollo". Com direito a um vinho e poder compartilhar esse momento com aventureiros do mundo inteiro.
Esse não é um passeio ideal para quem tem muita "frescura" a não ser que você esteja disposto a gastar mais e se hospedar em luxuosos hotéis no meio do deserto, contratar tour privado e perder a fantástica sensação de superar seus próprios limites.

Hostel de Sal

Tour de 3 dias pelo Salar de Uyuni - Segundo dia.


Dia 2.

Depois de uma noite fria, alérgica e mal dormida, mas incrivelmente inesquecível, acordar bem cedinho e seguir para o segundo dia de tour nem se torna tão ruim assim. Acredite, dormir é o que você menos vai querer fazer nesses três dias de tour, pois não é nada agradável (rsrs).
Na noite anterior o nosso motorista/guia/cozinheiro/amigo Ruben combinou a hora para tomarmos o café da manhã (mais uma vez preparado por ele) e seguir para conhecer as sensacionais Lagunas Altiplânticas do uyuni.

Acordar cedo e feliz para o segundo dia de Tour. Sair do hostel e já dar de cara com essa paisagem.

Botinhas brancas do sal e... pé no deserto na estrada

A primeira parada é no "Salar Chiwana", pois é, o Uyuni não é o único deserto de sal das redondezas. O Salar de Chiwana é mais "barrento" e dá a impressão de menos puro. Mas nele podemos admirar as formações rochosas do deserto e o único vulcão ativo da Bolívia, o Vulcão Ollague. De tão grande, este vulcão se localiza em dois países (Bolívia e Chile) e realmente está ativo…expelindo fumaça, é possível ver as fumarolas de longe.


Salar de Chiwana

Parada pra admirar o Vulcán Ollague, o único vulcão ativo da Bolívia.

De lá seguimos para a rota das lagunas, e depois de andar muito no 4X4 pelas paisagens do deserto, finalmente chegamos à primeira lagoa. Não se pode entrar em nenhuma das lagunas devido a grande atividade tóxicas que elas contém, mas acredite, o mais fantástico de todo passeio são as paisagens surreais e únicas que a região tem.

A primeira laguna visitada foi a Laguna "Hedionda", que tem esse por causa do "cheiro ruim" que possui devido a grande quantidade de enxofre presente em sua água. dependendo da época do ano é possível encontrar muitos Flamingos, mas como viajamos no inverno, e como o frio é muito rigoroso, a maioria deles migram para outras regiões, restando apenas alguns pra gente admirar.

E ali nas margens da laguna, paramos para almoçar em restaurante com uma vista incrível e não, não tinha um cheiro ruim. :)

Laguna Hedionda

Terminado o almoço, seguimos para a segunda laguna do dia, a "Laguna Cañapa". Mais um lugar lindo de se admirar. O Ruben, nosso guia, nos deixou um tempo à vontade para tirar fotos e admirar a beleza do lugar.


Laguna Cañapa

Laguna Cañapa

A terceira laguna do dia, a mais lindas de todas, "Laguna Colorada", e nem precisa explicar muito o porquê desse nome, é só ver sua cor avermelhada que já está tudo explicado (hahah). Ela tem esse tom devido às diversas algas existentes nela, e soltam essa cor que deixa a paisagem surreal. O lugar onde a laguna está é um parque nacional protegido, então é preciso pagar uma taxa de 150 bolivianos para entrar. O Hotel da segunda noite fica praticamente em frente à laguna.

Laguna Colorada

Laguna Colorada - A mais linda de todas


Laguna Colorada


Entre uma laguna e outra, uma parada no meio do deserto para admirar uma das formações rochosas mas impressionantes, a "Árbol de Piedra", que está aí no deserto a mais de três mil anos resultado de erupções vulcânicas. Foi esculpida pelo vento por milhares de anos até conquistar seu formato característico. E, dentro de mais alguns milhares de anos não mais existirá, pois a ação contínua do vento vai desgastá-la e transformá-la.

Árbol de Piedra

Árbol de Piedra


Fim de mais um dia, e depois de tantas paisagens surreais, seguir, ainda com o dia claro, para o segundo hostel no meio do deserto, com uma vista incrível para a mais linda das lagunas, a Laguna Colorada. Ficamos em um quarto para quatro pessoas, energia solar, muito frio, junto com muitos outros turistas, inclusive brasileiros, fazendo o mesmo percurso que nós. Um bom vinho pra esquentar e conversar sobre nossas experiências era o que nos restava. Nada de internet no meio do deserto, lugar simples e familiar. Descansar (ou pelo menos tentar) para encarar o terceiro e último dia de deserto.

Vista da Laguna Colorada - Hostel

Tour de 3 dias pelo Salar de Uyuni - Terceiro dia.


Depois da noite mais fria e longa da minha vida. Boatos de que se chegou mais de 15° graus negativos, altitude de 4.300 metros (o que dava um enorme mal estar e dificultava a respiração), hostel sem calefação, água quente só em sonho(banho nem pensar hihihi), sopa que esfriava assim que posta na mesa. Não levamos saco de dormir, mas é possível alugar por apenas 20 bolivianos no próprio hostel, mas que também não mudou muita coisa no frio. Enfim acordar às 4h da manhã, e como falei no post anterior, acorda cedo era a melhor coisa, já que dormir era impossível. Tomar café da manhã e às 5h sair para o último dia de tour e se deparar com o céu estrelado mais lindo que já vi. Não queria 10 noites dessas, mas uma fez toda diferença em minha vida.

Céu do Uyuni

Seguimos com o dia ainda escuro, e quando você acha que já chegou ao nível máximo de altitude, nosso querido "motô" nos diz que ainda vamos chegar aos 5mil metros acima do nível do mar (que mara!). Um frio intenso de não suportar nem 5min fora do carro.

Seguimos subindo, até chegar no ponto máximo do último dia de tour, os "Geyseres Sol de Mañana", uma área desértica caracterizada por ter uma intensa atividade vulcânica, que emitem vapores de gases e água quente atingindo de 10 a 50 metros de altura. Esses fenômenos nos permite apreciar uma paisagem que parece na época da formação da terra.

Geyseres Sol de Mañana

Muito frio, mas não dá pra ficar sem registrar esse momento.

Com o dia começando a clarear, e o sol começando a surgir por trás das montanhas nos presenteando com uma belíssima paisagem, seguimos para uma outra parada ali perto, piscinas naturais de águas termais. Meu desejo era relaxar naquelas águas quentinhas, mas com o frio que estava fazendo, tirar a roupa era um castigo (rsrs), e todos do carro, acho que tiveram o mesmo pensamento que eu. ficamos apenas contemplando o belo amanhecer.

Um espetáculo da natureza

O terceiro dia de tour é mais curto, na verdade é apenas meio dia de tour. Seguimos desde os Geyseres para admirar a última laguna, a Laguna Verde, que é uma lagoa de água salgada Altoandina localizada na Reserva Nacional Eduardo Abaroa, no altiplano de San Luis, na fronteira da Bolívia com o Chile. Sua cor verde esmeralda, se deve ao elevado conteúdo mineral de magnésio na água, o que atrai grandes colônias de flamingos.

Laguna Verde


Continuamos seguindo com destino à fronteira entre Bolívia e Chile para continuar nossa jornada com o Deserto do Atacama. Chegamos na fronteira por volta das 10:30 da manhã e tem que pagar uma taxa de 15 bolivianos para poder sair da Bolíva por terra. Único país que paga para entrar e para sair (vai entender). Cruzamos a fronteira e um transporte (van) que está incluído no valor do tour de 3 dias nos leva até o Atacama. São cerca de 1h30min de viagem, a altitude e o frio já começam a baixar (para nossa alegria). O motorista nos leva até a alfândega, já no chile, passamos por ela e ele nos leva até o nosso hotel no Atacama, para mais alguns dias de aventura e belas paisagens. Quem es escolhe a opção do tour de 4 dias, e não vai seguir para Atacama, o quarto dia é justamente para retornar para a cidade de Uyuni.





San Pedro de Atacama - A cidade base para explorar as belezas do deserto.


San Pedro de Atacama é uma cidade da província de El Leoa, na região de Antofagasta, que serve como base para se explorar o Deserto do Atacama. Fica ao norte do Chile fazendo fronteira com a Bolívia e com a Argentina. Sua população gira em torno de 3 mil habitantes. Não tem aeroporto na cidade. Para chegar lá é preciso pegar um voo até Cala, que fica um pouco menos de 100km de São Pedro de Atacama. É preciso fazer um trajeto de uma hora e trinta minutos de carro para chegar ao charmoso vilarejo-oásis.

Nós chegamos ao Atacama através da fronteira com a Bolívia, depois de um tour de três dias pelo Uyuni, o Deserto de Sal boliviano. Da fronteira da Bolívia até chegar em San Pedro, leva cerca de 1h de carro.

Estar em San Pedro de Atacama é estar em harmonia total com a natureza. As casas têm apenas um andar e são feitas de uma mistura de barro com palha há séculos. Como quase não chove no deserto, pela dificuldade que as nuvens têm de ultrapassar as cordilheiras que o cercam, a durabilidade dos materiais de construção é grande, mesmo que pareçam frágeis.

San Pedro é assim: terra, barro, deserto e charme.

A Calle Caracoles é a rua principal da cidade, nela se encontram os melhores restaurantes, lojinhas de artesanato, agências de turismo que oferecem quase todas os mesmos passeios, alguns oferecem mais comodidade que outros (Falo sobre os tour pelo deserto do atacama no próximo post: http://mochilaoderodinhas.blogspot.com.br/2016/10/deserto-do-atacama-o-que-fazer-no.html)

Calle Caracoles, principal rua de San Pedro do Atacama

Ruas de San Pedro do Atacama

O artesanato uma das riquezas dos países da America do Sul, também está presente nas ruas de San Pedro. O principal é O Mercado de Artesanato que tem uma de suas entradas pela praça da cidade e oferece artigos confeccionados na região com técnicas que foram sendo passadas de geração em geração. Eles tecem peças coloridas em teares manuais com lã de lhama e alpaca, fazem reproduções de cerâmicas usadas pelos antigos com pedras vulcânicas e também vendem chá de coca (que só pode ser comprado lá, em Santiago é proibida sua venda).

San Pedro não é um dos lugares mais baratos para se comprar, portanto se você vai visitar outras cidades em sua viagem, deixe para comprar "artesanía" em alguma delas. As peças são muito parecidas, muitas vezes iguais, e o preço é consideravelmente mais alto em San Pedro.

Mercado de Artesanato.

Mais artesanato pelas ruas de San Pedro.

Um outro atrativo é a igreja que deu origem `cidade. A Igreja de San Pedro, que também fica na praça principal da cidade, é pequenina e simpática. Foi construída em 1774 pelos jesuítas espanhóis que colonizaram a região. A colonização foi liderada por Diego de Almagro e Pedro de Valdívia e os povos do Atacama tiveram comportamento pacífico apesar de serem os mais desenvolvidos do Chile.

Igreja de San Pedro de Atacama.

Onde se Hospedar.

O melhor local para se hospedar em San Pedro de Atacama é o mas próximo possível da "Calle Caracoles", pois nela você vai encontrar tudo o que você precisa, e poderá fazer tudo a pé. Tem hoteis e albergues para todos os bolsos e gostos. Mas até mesmo a hospedagem mais simples, ainda assim é um pouco acima da média que de outras cidades da América do Sul.

Até os hotéis mais sofisticados mantém uma estrutura mais rústica para manter o clima e charme da cidade. Reservo sempre minha hospedagem pelo booking (www.booking.com). Havia reservado um hostel com um melhor custo benefício, mas de última hora cancelaram minha reserva por motivos deles, e tive que procurar uma outra hospedagem o que ficou um pouco mais caro. Mas a localização era ótima, exatamente na rua Caracoles.

Hotel Taka Taka

A rotina de qualquer viajante que se aventure pelo Atacama é sempre a mesma, seja de um mochileiro ou de um hóspede que escolha um hotel de luxo. Acordar cedo, tomar um café reforçado e escolher uma excursão de meio dia ou de um dia inteiro explorando as belezas naturais da região. Um dia para conhecer a cidade de San Pedro é o suficiente, os outros dias em que estiver na cidade será para explorar o deserto. Podendo ainda aproveitar a noite agradável e cheia de charme. Não é uma cidade badalada, mas os restaurantes são super movimentados, com música (apesar de não poder dançar neles) e experimentar um delicioso Pisco Sour.